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terça-feira, 2 de novembro de 2010

O profissional de enfermagem: formação acadêmica e mercado de trabalho

                                                                                                                                                       Por Augusto Morais
O ensino de enfermagem está passando por grandes alterações. As mudanças começaram a partir do momento em que o Ministério da Educação liberou a criação de novas faculdades no país. Segundo a professora doutora da Universidade Federal Fluminense (UFF), chefe do Departamento Médico-cirúrgico da Escola de Enfermagem, Marilda Andrade, outro ponto que contribuiu para a melhoria na qualificação do ensino de enfermagem foi a implantação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que permitiu uma reavaliação dos cursos técnicos (2º grau) e auxiliar (1º grau).


Este ano, o curso de graduação em Enfermagem passará pelo seu primeiro Exame Nacional de Cursos, com o qual o destino de várias faculdades e alunos está em jogo. Marilda Andrade vê uma grande vantagem no fato. Para ela, o "provão" está forçando as faculdades a se tornarem melhores. O mesmo diz dos alunos.

Marilda não se arrisca em classificar quais as melhores e piores faculdades de enfermagem do país. No entanto, para que as escolas tenham um padrão mínimo, a professora considera como essencial que o corpo docente tenha mestrado e doutorado, além de manter-se atualizado, lendo e produzindo publicações científicas.

Para satisfazer às necessidades dos alunos, as unidades de ensino, ainda de acordo com a professora, precisam estar equipadas com um bom acervo bibliográfico, e laboratórios que reproduzam a realidade enfrentada no cotidiano pelos profissionais. "Com essas medidas, todos sairão ganhando, e assim a enfermagem terá mais qualidade", diz.

Demanda reprimida

A reforma do ensino permitiu a criação de novas escolas de enfermagem em todo o país. Até meados da década passada, a grande maioria das faculdades de enfermagem pertencia à rede pública. Após esse período, segundo a professora, permitiu-se que mais pessoas ingressassem no curso.
Para a chefe de departamento, a criação de novas faculdades de enfermagem atendeu parte de uma demanda que há anos estava reprimida. "Aumentou substancialmente o número de profissionais de enfermagem a ingressar no setor. Entram anualmente no mercado de trabalho mais de 2.500 novos enfermeiros", revela Marilda.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), é necessário que se tenha a proporção de um enfermeiro para cada grupo de 100 pacientes. Marilda Andrade acredita que a realidade brasileira ainda está muito aquém desse número. A professora exemplifica o problema citando o Hospital Universitário Antônio Pedro - HUAP, em Niterói (RJ). "O Hospital da UFF possui em torno de 300 leitos. Para esse montante, seria necessária uma equipe de 30 profissionais em cada plantão", revela.

Qualificação profissional

Sejam auxiliares, técnicos ou enfermeiros propriamente ditos, os profissionais que atuam nessa área, bem como o governo, estão buscando a cada dia novos caminhos para a qualificação da profissão. Com isso, a enfermagem, que no tempo de Ana Nery era meramente assistencial, toma novos rumos e envereda para áreas diversas, como a de saúde do trabalhador, home care (assistência domiciliar), saúde pública, obstetrícia (com autonomia para partos sem risco), e ensino (1º, 2º e 3º graus e creche). "A enfermagem está saindo da área institucional. Isso faz com que todos necessitem de se aperfeiçoar", explica Marilda.

Para melhorar a qualidade de profissionais que atuam como técnicos e auxiliares em enfermagem, o Governo Federal está implantando o Programa de Formação de Enfermagem (Profae). 

Com o programa, esses profissionais terão a oportunidade de concluírem os seus estudos, além de passarem por um processo de reciclagem. O Profae ainda prepara os professores que ministrarão as aulas. 

Na opinião da professora Marilda Andrade, a qualificação profissional na área da enfermagem pode ser comparada a uma pirâmide. "No momento em que qualificamos o enfermeiro, automaticamente temos de fazer o mesmo com os auxiliares e técnicos. Estes dois últimos são os executores das ações diretas da enfermagem. São eles que empreendem ações de baixa e média complexidade", diz.

Gestão de enfermagem

Marilda Andrade lamenta que ainda haja um pequeno número de enfermeiros atuando como gestores hospitalares. A professora acredita que o fato se deva a preconceito dos médicos contra a área de enfermagem. "É comum criar a imagem do enfermeiro como a pessoa responsável por auxiliar o médico. O gestor hospitalar é aquele que provê todas as necessidades físicas e financeiras de um hospital. E o enfermeiro está preparado para atuar nessa área também, pois tem, em sua formação, base em administração", revela.

A professora afirmou que se encontram mais enfermeiros gerenciando seus próprios serviços, ou seja, o setor de Enfermagem em um hospital, por exemplo. Mas, segundo ela, clínicas, laboratórios, equipes multidisciplinares e programas de saúde começam a contratar enfermeiros para geri-los. "Os enfermeiros têm sempre de provar que são bons", enfatiza.


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